Sábado, 23 de Novembro de 2024

MEIO AMBIENTE

Desmatamento no Cerrado cai 2,26% em 2019, mas bioma perde mais de 600 mil hectares da vegetação original

Tocantins foi responsável pela maior parte do desmatamento

Adriano Gambarini/WWF-Brasil
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17 dezembro, 2019 às 14:51

Dados do Prodes Cerrado, mapeamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que o Cerrado perdeu 648.400 hectares da cobertura vegetal no período entre entre agosto de 2018 e julho de 2019, o que representa uma redução de 2,26% em relação ao período anterior. No entanto, segundo o WWF-Brasil, esse desmatamento é equivalente à derrubada da cidade de São Paulo ou da área metropolitana de Londres, a cada três meses.

O Tocantins foi responsável pela maior parte do desmatamento (23,07%) com 1.495,69 km² de vegetação nativa derrubada. Outros destaques negativos foram o Maranhão (20,20%), Mato Grosso (14,36%), Bahia (12,84%) e Goiás (10,05%). 

Com os números do Prodes Cerrado, nos últimos quatro anos, o bioma apresenta uma média de desmatamento de 680 mil ha/ano. De acordo com o WWF-Brasil, o Cerrado é uma das áreas naturais mais ameaçadas de extinção em todo mundo porque além da alta taxa de desmatamento, mais da metade da área original do bioma já foi suprimida para atividades como agricultura e já existem estudos demonstrando que apenas 20% do bioma está em condições saudáveis de conservação. 

O diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, atribui esse processo de extinção do Cerrado à falta de políticas públicas para a questão. "O Código Florestal, por exemplo, mesmo que estivesse de fato sendo implementado (o que não é a realidade), protege pouco ao bioma - entre 20 e 35%. Temos hoje 23 milhões de hectares de áreas já abertas com alta aptidão agrícola para soja - cultura que representa mais de 80% da agricultura no bioma -, havendo ainda outros 15 milhões de hectares já desmatados e com potencial para a agricultura, somando 38 milhões de terras aptas já abertas". Voivodic ressalta que essa área já é suficiente para atender o projeto de expansão da fronteira agrícola por décadas. 

O diretor executivo também denuncia que o governo federal, em vez de trabalhar para a redução desse problema, agrava ainda mais a situação oferecendo crédito subsidiado para recuperação de pastagens e intensificação agrícola e editando uma Medida Provisória que legaliza invasões de terras públicas ocorridas até o ano passado (2018), contribuindo para a expansão da fronteira agrícola de forma ilegal e sobre a vegetação nativa indefinidamente. 

(Com informações do WWF-Brasil)