Em 2020, o Centro Integrado de Inteligência e Monitoramento de Dados Espaciais Ambientais (Cimdea), do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) iniciou a utilização da plataforma Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil (MAPBiomas).
A plataforma MAPBiomas envolve uma rede colaborativa com especialistas nos biomas, usos da terra, sensoriamento remoto, sistema de informações gerenciais e ciências da computação que utiliza processamento em nuvem e classificadores automatizados desenvolvidos e operados a partir da plataforma Google Earth Engine. O objetivo é gerar uma série histórica de mapas anuais de cobertura e uso da terra em todo o território nacional.
De acordo com Renato Pires, gerente de Monitoramento e Gestão de Informação Ambiental e coordenador do Cimdea, neste primeiro momento os técnicos estão selecionando os alertas de desmatamento com áreas superiores a 100 hectares no Tocantins. “Baixamos esses Laudos da plataforma e fazemos toda a conferência de dados, inclusive para verificar se não houve autorização do Naturatins para cada alerta, posteriormente, após conferência minuciosa e ajustes necessários o laudo é validado”, resumiu o gerente, completando que em caso de confirmação do alerta, os dados são encaminhamos para a equipe de fiscalização para providências cabíveis.
O Cimdea realizou validação em campo de laudos da plataforma em algumas regiões do estado e a precisão in loco é fantástica. Renato Pires explica que o uso da ferramenta, que é gratuita, proporciona maior agilidade na identificação de supressão da cobertura vegetal, melhorando o tempo de resposta e dando mais qualidade às ações de monitoramento e fiscalização.
Estamos testando também o módulo de cicatrizes de fogo, ainda em desenvolvimento, que certamente vai auxiliar no monitoramento e combate às queimadas nos próximos períodos de seca no Tocantins.
Como surgiu
A ideia de criação do MapBiomas nasceu durante seminário realizado ainda em 2015, em São Paulo, quando especialistas em sensoriamento remoto e mapeamento de vegetação se reuniram com a proposta de responder se seria possível produzir mapas anuais de cobertura e uso do solo para todo o Brasil, de forma barata, rápida e atualizada, capaz também de recuperar o histórico das últimas décadas.
Os técnicos reunidos chegaram à conclusão que seria possível, desde que houvesse capacidade de processamento sem precedentes e um alto grau de automatização do processo, além da participação de uma comunidade de especialistas em cada bioma e temas transversais.
A partir de então, foi estabelecido um Termo de Cooperação Técnica com o Google, para utilização dos dados do Google Earth Engine. Oficialmente, o projeto teve início em julho de 2015, com um treinamento da equipe do MapBiomas sobre o Google Earth Engine em Mountain View, Califórnia.
Parcerias
O MAPBiomas é coordenado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Associação Plantas do Nordeste (APNE) e GeoDatin, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Fundação SOS Mata Atlântica, ArcPlan, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e GeoKarten e Instituto SOS Pantanal.
A coordenação de temas transversais da plataforma fica a cargo da Universidade Federal de Goiás (LAPIG/UFG), Agrosatélite, Instituto Tecnológico Vale e Solved e Terras App Solutions.
Além das parcerias com o Google, EcoStage e Terras App Solutions, o projeto é financiado por vários organismos internacionais: Children'sInvestment Fund Foundation (CIFF), Climateand Land Use Alliance (CLUA), Global WildlifeConservation (GWC), GoodEnergies Foundation, Gordon & Betty Moore Foundation, Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI), Instituto Arapyaú, Instituto Clima e Sociedade (ICS), Instituto Humanize, OAK Foundation, QuadratureClimate Foundation (QCF), Walmart Foundation (USA) e WellspringPhilanthropic Fund (WPC).