Na última segunda-feira, 26, o projeto Quelônios do Tocantins recebeu representantes das instituições parceiras para uma visita técnica ao local de eclosão dos filhotes, que começarão a sair dos ninhos para ganhar as águas do rio Araguaia e seus afluentes. No mês de setembro, as equipes de trabalho conseguiram fazer a marcação de 1.500 ninhos, que passaram a ser monitorados para evitar depredação.
De acordo com o biólogo do Naturatins Oscar Barroso, o projeto Quelônios do Tocantins é vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no âmbito do Projeto Quelônios da Amazônia. A soltura dos filhotes acontece no Parque Estadual do Cantão (PEC) e, com base na quantidade de ninhos, a previsão de nascimento para este ano é de 445 mil filhotes.
Segundo Barroso, o projeto Quelônios da Amazônia, do Ibama, existe há quatro décadas e o Quelônios do Tocantins foi criado em 1995. Após sofrer uma interrupção, o Quelônios do Tocantins foi retomado em 2017, graças à parceria com o Ibama, Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Universidade Federal do Tocantins (UFT) e o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA).
“Nos últimos anos, as ações conjuntas entre os parceiros têm reforçado as medidas para a conservação dos quelônios no rio Araguaia, em especial na região do Parque Estadual do Cantão e Parque Nacional do Araguaia”, explica Oscar, que coordena as atividades pelo Naturatins.
O biólogo diz também que o projeto Quelônios é realizado em várias etapas, que vão desde o planejamento anual das ações, quando são apresentados os resultados do ano anterior e projeções para o ano em curso, até a execução das atividades de campo. “A fiscalização, monitoramento e manejo se estendem até dezembro, quando o ciclo de reprodução da espécie é concluído”, acrescenta.
Parcerias
O presidente do Naturatins, Sebastião Albuquerque, anfitrião da visita técnica, informa que o projeto Quelônios do Tocantins é uma das mais importantes iniciativas de conservação das espécies de quelônios do Brasil, tanto da tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), quando do tracajá (Podocnemis unifilis).
“Os resultados obtidos ao longo dos anos demonstram a importância da realização desse trabalho na manutenção das populações dessas espécies na região do rio Araguaia; se hoje temos uma quantidade estável de tartarugas-da-Amazônia e tracajás na região do Parque Estadual do Cantão e do Parque Nacional do Araguaia, certamente é graças ao projeto Quelônios do Tocantins”, garante Albuquerque.
O gestor esclarece que o trabalho conjunto de todos os parceiros é imprescindível para o fortalecimento do projeto e ampliação de seus resultados. “O trabalho técnico, executado pelo Ibama e Naturatins, a fiscalização feita pelo Naturatins e pela Polícia Militar Ambiental, a educação ambiental e pesquisas realizadas pelas universidades são prova da importância do trabalho em conjunto. Iniciativas para garantir a preservação e o equilíbrio de nossa biodiversidade”, ressalta Albuquerque.
O reitor da Unitins, Augusto de Rezende Campos, afirma que a universidade, dentre de suas diretrizes e princípios de formação, tem a questão da sustentabilidade do meio ambiente como ponto focal. “E o projeto Quelônios é algo particular de uma região do Tocantins, o Parque Estadual do Cantão, e que a universidade integra, dando um peso científico às ações”, diz.
Campos lembra que há dois anos a Unitins foi contemplada com edital do Banco da Amazônia, para trabalhar a pesquisa, o levantamento de dados sobre a reprodução das tartarugas, bem como a educação ambiental nas comunidades ribeirinhas. “Agora, estamos trabalhando de maneira atípica por causa da pandemia, mesmo assim produzimos cartilhas e materiais para garantir ao projeto Quelônios, um ambiente de pesquisa e educação ambiental”, reforça.
O coordenador do projeto Quelônios da Amazônia, do Ibama, Wilson Júnior, corrobora que o bom desempenho do projeto se dá graças à parceria entre as entidades envolvidas. Ele lembra que outra etapa importante do projeto ocorre logo após a soltura, com a intensificação da fiscalização para evitar capturas ilegais das tartaruguinhas. “O projeto Quelônios foi criado pelo Ibama há 40 anos e apresenta resultados significativos, como os do ano passado, quando tivemos a soltura de 96 mil filhotes”, conta Wilson Júnior, que integra a comitiva de visita ao local de soltura, juntamente com o chefe de fiscalização do órgão, Lenine Barros.