Quinta, 18 de Dezembro de 2025

Mauro Vieira projeta diplomacia em 2026: “Nossa mensagem será levar a voz do Brasil na defesa do multilateralismo”

Entrevistado por profissionais de rádios e portais no Bom Dia, Ministro desta quinta-feira (18)

Diego Campos/Secom-PR
post
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

18 dezembro, 2025 às 16:57

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi o convidado do “Bom Dia, Ministro” desta quinta-feira, 18 de dezembro. Durante conversa com profissionais de rádios e portais de várias regiões do país, o chanceler comentou o protagonismo internacional do Brasil na condução de importantes encontros políticos em 2025, além de fazer um balanço das ações do Itamaraty ao longo do ano.

Vieira destacou o peso da agenda internacional não apenas para as relações comerciais, mas também para a projeção do Brasil no cenário global. “O presidente Lula é o maior divulgador do Brasil, e isso é desde o seu primeiro mandato. No terceiro mandato, ele teve um número muito elevado de interlocuções com chefes de Estado. Foram encontros diretos e presenciais com chefes de Estado de 60 países. E ele tem expandido a presença do Brasil, pois o presidente Lula tem muito presente a necessidade do Brasil estar em todos os tabuleiros”, declarou o ministro Mauro Vieira.

O presidente Lula é o maior divulgador do Brasil, e isso é desde o seu primeiro mandato. No terceiro mandato, ele teve um número muito elevado de interlocuções com chefes de Estado. Foram encontros diretos e presenciais com chefes de Estado de 60 países. E ele tem expandido a presença do Brasil, pois o presidente Lula tem muito presente a necessidade do Brasil estar em todos os tabuleiros”

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Para ilustrar a força dessa ampla presença internacional e seus resultados concretos, Mauro Vieira destacou a expansão do comércio exterior e a abertura de mais 511 novos mercados internacionais entre 2023 e 2025 – mais que o dobro do total registrado entre 2019 e 2022 –, por meio de uma ação conjunta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

“O presidente Lula leva o Brasil, com a voz do Brasil, como um país que defende a paz, a cooperação e o entendimento entre as nações, o multilateralismo, todas as iniciativas que dizem respeito ao fortalecimento das instituições multilaterais internacionais, e, além disso, ele é um vendedor do Brasil, também abrindo mercados. Nesta semana, comemoramos 500 mercados abertos durante este terceiro mandato dele. Com todo o governo fazemos um trabalho muito grande de divulgação dos produtos brasileiros, há um grande interesse no mundo inteiro pela segurança alimentar e, nisso, o Brasil também tem um grande exemplo a dar”, exemplificou.

FOCO PARA 2026 —  A entrevista de Mauro Vieira ao Bom Dia, Ministro também foi espaço para o chanceler apresentar as prioridades da diplomacia brasileira em 2026. “O foco para 2026 é manter uma interlocução e um diálogo com todos os países. O Brasil é um país que é um ator global, nós temos relações diplomáticas estabelecidas com todos os outros 192 países membros da ONU — e a ONU tem 193. Nossa mensagem será essa: levar a voz do Brasil na defesa do multilateralismo, na defesa das instituições multilaterais que cuidam de aspectos e de áreas que são fundamentais para o Brasil, como a Organização Mundial de Comércio. É importantíssimo ter regras de comércio que deem ordem ao comércio internacional, que haja mecanismos de proteção e de negociação”, projetou para o próximo ano.

BRICS — Em 2025, o Brasil também exerceu a presidência rotativa do BRICS, com a realização da Cúpula dos Chefes de Estado em julho, no Rio de Janeiro. A ocasião reuniu os líderes dos 11 países-membros e dos dez países-parceiros em torno do tema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

O objetivo foi fortalecer a cooperação e as parcerias estratégicas entre as nações. A presidência brasileira contribuiu para o avanço do diálogo em temas políticos, de segurança, econômico-financeiros e relacionados à sociedade civil. ”Houve no BRICS no Rio de Janeiro um encontro empresarial relevante, reunindo um grande número de empresários de todos os países membros. É sempre um momento de grande contato, de grande ebulição para todas as áreas, para todos os setores. E, sem levar em conta as importantes decisões tomadas que dizem respeito à intensificação do comércio entre os países do BRICS”, detalhou o chefe do Itamaraty.

O chanceler também apontou a relevância da parceria inédita para a Eliminação das Doenças Determinadas Socialmente, lançada durante o BRICS pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e considerada um marco na agenda global de equidade em saúde.

“Desta vez também foi uma das prioridades brasileiras a discussão da questão das doenças, do combate às doenças derivadas da pobreza, às doenças socialmente determinadas, que foi uma decisão importante, aprovada por iniciativa do Brasil, durante a cúpula do BRICS. Portanto, eu acho que foi excelente ter sediado o BRICS, e foi muito bom ter sido na cidade do Rio de Janeiro, e sei que o legado será importante para as posições do Brasil, do BRICS, e também para a divulgação do Brasil”, afirmou Vieira.

TARIFAÇO — Outro tema tratado pelo ministro das Relações Exteriores foi a política de elevação de tarifas sobre produtos brasileiros, imposta ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após o anúncio de retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, as negociações seguem em andamento para eliminar a alíquota adicional de 22% sobre exportações brasileiras para o país norte-americano.

“A questão de tarifas dos 10% e, em alguns casos, adicionais 40%, eram baseadas, segundo a informação do governo americano, num grande superávit que o Brasil teria com os Estados Unidos e o presidente Lula provou durante encontros com o presidente Trump que era o oposto. Os Estados Unidos têm um superávit com o Brasil nos últimos 15 anos de 410 bilhões de dólares, ou seja, durante 15 anos o Brasil foi transferindo para os Estados Unidos valores que hoje somados dão 410 bilhões. Portanto, não havia também um motivo comercial de um desequilíbrio na balança que justificasse tarifas”, relatou.

“Isso foi a posição do presidente Lula, muito claro, de que era preciso que fossem suspensas as tarifas e que fossem suspensas as sanções para sentarmos e negociarmos. E nesse ponto estamos. O governo americano suspendeu sanções, colocou em lista de exceções vários itens da nossa pauta, ainda não está toda coberta, mas estamos seguindo para isso, para então sentarmos e negociarmos acessos a mercados dos dois lados, mercado americano por exportações brasileiras e vice-versa e também para discutir temas de interesse bilateral”, declarou Mauro Vieira.

LEGADO DA COP30 — Durante o programa, o ministro apresentou o legado deixado após a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), durante o mês de novembro. O encontro representou oportunidade para o país apresentar avanços e resultados na agenda climática, além de consolidar o Brasil como um ator decisivo nas negociações multilaterais.

“Foi um marco. Como disse o presidente Lula, o Brasil ganhou em tudo. Foi um grande legado também para o Brasil em termos de mostrar a Amazônia para o mundo. É a primeira vez que uma COP, e essa foi a 30ª, ocorreu dentro de uma floresta tropical e, no caso específico, da maior floresta tropical do mundo, para chamar a atenção das necessidades de preservação da floresta, do ecossistema e da importância para o mundo”.

Mauro Vieira apontou que as obras integradas para a realização da COP30 também colaboraram para deixar um legado duradouro de melhoria na infraestrutura urbana, saneamento e qualidade de vida para os habitantes da capital paraense.”Eu tenho certeza também que do ponto de vista local, no estado do Pará e na cidade de Belém, essa marca vai ficar porque os investimentos e a preparação que a cidade teve para receber 45 mil pessoas, 195 delegações, isso exigiu um grande esforço do governo nos três níveis, federal, estadual e municipal. Devo dizer que foi um sucesso absoluto”, assinalou.

INOVADOR — Além disso, Vieira lembrou que o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado no contexto da COP30, propõe um modelo inovador de financiamento para a proteção das florestas tropicais, que combina retorno financeiro para os investidores e benefícios concretos para o meio ambiente e a sociedade. Ele destacou o caráter inovador e pioneiro do fundo e afirmou que o TFFF será um novo paradigma no financiamento climático.

“Não são doações, são investimentos que tanto os países como grandes empresas podem fazer num fundo que vai gerar rendimentos que serão aplicados a uma proporção que é em torno de 4 dólares por hectare para programas de sustentação de desenvolvimento de apoio às populações locais e para promover também uma economia sustentável. Isso foi a primeira vez, é uma coisa inovadora”, assegurou o ministro.

TENSÕES GEOPOLÍTICAS — A atenção que o Governo do Brasil tem dado à escalada das tensões envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela também foi comentada pelo ministro Mauro Vieira. “Há um número muito grande de venezuelanos morando no Brasil, vivendo no Brasil, cerca de 500 mil. E há 20 mil brasileiros que vivem na Venezuela. Portanto, é muito importante, a Venezuela é vizinha direta, próxima do Brasil aqui na América do Sul. Portanto, somos todos parte desse espaço de paz e cooperação que é a América do Sul. O presidente Lula, nas duas vezes em que falou com o presidente Trump por telefone, se referiu à Venezuela e disse que a nossa região é uma região de paz e cooperação e que o Brasil estará sempre pronto a facilitar o diálogo e aproximar as partes para que se chegue a uma solução”, relatou o chanceler brasileiro.

Vieira afirmou que o Brasil acompanha com preocupação a concentração da força naval estadunidense em águas do Caribe. Segundo ele, a diplomacia brasileira espera que, como afirmam os Estados Unidos, seja uma ação “para coibir a questão do narcotráfico, mas que não passe daí, que não haja um enfrentamento não desejado”. “É uma questão de preocupação para todos e o Brasil quer facilitar esse diálogo, essas iniciativas de contato, promover iniciativas de contato que possam levar a um entendimento e uma negociação”.

QUEM PARTICIPOU —  Participaram do programa desta quinta-feira a Rádio Nacional Brasília, Amazônia e Alto Solimões/EBC; Rádio CBN (Foz do Iguaçu/PR); Rádio Liberal (Belém/PA); Portal Primeira Página (Campo Grande/MS); Rádio TMC (Recife/PE); Rádio BandNews FM BH (Belo Horizonte/MG); Portal Diário do Grande ABC (São Caetano/SP) e Rádio Antena Esportiva (Rio de Janeiro/RJ).