Cultura e memória, esses são alguns dos elementos primordiais na preservação da história de um povo, e é a partir da vontade de cuidar que surge a iniciativa da Casa de Memória do município de Lajeado, localizado a 64,4 km de Palmas. A ideia partiu da professora Maria das Graças Gomes Monteiro, proprietária do casarão construído na cidade no ano de 1947, quando a região ainda fazia parte do Norte de Goiás. Agora, o objetivo é transformar o espaço em um local que não apenas guarde a história de Lajeado, mas que seja um espaço de transmissão e divulgação da cultura local. Na última sexta-feira, 5, uma equipe da Secretaria da Cultura (Secult) visitou a edificação para conhecer a iniciativa e levar informações técnicas que poderão contribuir com o espaço, além de discutir possíveis parcerias futuras.
Dona do casarão, Maria das Graças conta que a ideia de transformar a propriedade surgiu a partir de suas pesquisas para escrever o livro Cidade das Pedras e Cidade das Águas, que conta a história do município. “Pude pesquisar os moradores, as pessoas mais antigas, e fizemos um trabalho todo com relato oral. Nesse processo pude ver que a casa não era a primeira, mas era a mais antiga, e aí eu falei: a gente pode transformar esse espaço em casa de memória, não só da família, mas da cidade. Estou trabalhando a questão da institucionalização do espaço, que será aberto a visitação. Teremos palestras, rodas de conversas, oficinas de artes, espetáculos… Alguém até sugeriu que fosse cenário de filme! A casa poderá ter múltiplas utilidades na linha da cultura e da arte”, disse.
Dona Maria das Graças ainda explica que antes dela, a edificação pertenceu a seus pais, e que seu avô, Justiniano Salles Monteiro, um dos pioneiros da região, é considerado pela população como o fundador de Lajeado, que tem seu início ainda na segunda metade do século XIX, na época, um povoado. Segundo informações da prefeitura do município, este efetivou o comércio fluvial da região e foi responsável por suas primeiras construções públicas, tais quais a Capela de Lajeado, a Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência e a Usina Hidrelétrica do Lajeado.
Presente durante a visita, a superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult, Kátia Maia Flores, reforçou a importância do projeto no mantenimento das histórias do lugar. “Eu acho a iniciativa fundamental, porque Lajeado passou por um processo de mudanças muito intenso com a construção da usina, então você recuperar e preservar essa memória é muito importante para integrar de novo as pessoas. Essa iniciativa é fantástica, porque a memória nos conecta com o lugar”, disse.
Representando a prefeitura do município, a secretária de Meio Ambiente e Saneamento, Leniza Costa, explicou que o objetivo da casa é contar um pouco da história dos primeiros moradores e do próprio Tocantins. “A gente busca que esse seja um espaço de cultura da cidade. É uma propriedade privada da dona Maria das Graças, que é uma historiadora e que generosamente quer abrir esse espaço que foi da família dela para a comunidade, então a gente espera que esse grande sonho seja concretizado. Recebemos a Secretaria da Cultura para conhecer o que nós consideramos muito importante, pois é fundamental que o Estado também conheça esse imóvel que eu tenho certeza que vai ser de grande valia para o Tocantins”.
O projeto prevê parcerias com órgãos públicos e privados para pleno desenvolvimento do museu e, ao longo da visita, a equipe técnica da Secult também pôde contribuir trazendo informações relevantes, que poderão agregar ao longo desse processo de formação, como por exemplo ao tratar de tópicos como captação de recursos, editais de fomento e pontos de cultura, para que a iniciativa tenha sustentabilidade.
O espaço que abrigará a Casa de Memória é uma edificação que ainda mantém parte da mobília e de utensílios originais, utilizados na época em que foi construído. A partir do projeto, a edificação se constituirá no primeiro museu do município, transformando-se em um espaço de preservação da cultura, bem como das histórias e dos costumes locais.