As sementes tradicionais, também conhecidas como crioulas, fazem parte do patrimônio cultural dos povos indígenas e comunidades quilombolas do Brasil. E é em torno dessas cápsulas de vida que acontece, entre os dias 2 e 6 de setembro, a XIV Feira de Sementes Tradicionais do Povo Indígena Krahô, na aldeia Galheiro, município de Itacajá. O secretário dos Povos Originários e Tradicionais do Tocantins, Paulo Xerente, participou da mesa de abertura na manhã desta terça-feira, 2. Durante todo o evento, cerca de 600 indígenas, entre agricultores e lideranças, devem participar da programação.
O secretário Paulo Xerente destacou a união de mais de 40 aldeias em torno da feira e a importância do evento para os demais povos indígenas do Estado. Relatou que seu próprio povo, depois de conhecer o trabalho dos Krahô com as sementes tradicionais, também realizou uma feira no território Akwẽ-Xerente. “Não é fácil fazer uma feira como esta. Vocês são referência para o estado e inspiram outros povos”, destacou o secretário, citando a relevância das parcerias institucionais para alcançar sucesso nos resultados.
Durante o evento também será tratado sobre a alimentação tradicional nas escolas indígenas e quilombolas dos territórios, sendo um dos direitos assegurados pelo Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). A legislação vigente determina que pelo menos 30% dos alimentos sejam oriundos da agricultura familiar e o chamamento público para suprir as demandas das escolas no território Krahô está previsto na programação desta quarta-feira, 3. Os agricultores indígenas podem aproveitar a oportunidade para oferecer seus produtos para a merenda escolar.
Com programação variada, a Feira de Sementes Krahô promove políticas públicas que garantem os direitos dos povos indígenas, como o modo de vida, acesso ao conhecimento, por meio de mesas de debates e oficinas, fomento ao desenvolvimento sustentável, agrobiodiversidade e soberania alimentar, além do intercâmbio etnocultural. O Mito Catxêkwyj e rituais, como o da batata-doce (Hôôxwa), também serão compartilhados. Para os Krahô, Catxêkwyj era uma estrela que desceu à terra em forma de mulher para ensinar o povo a cultivar os tubérculos.
Organização e parcerias
A feira Krahô teve sua primeira edição no ano de 1997, sendo precursora na mobilização de comunidades para promover a conservação e troca de sementes crioulas, bem como de saberes ancestrais relacionados ao cultivo.
A Feira de Sementes Krahô é uma iniciativa de organizações indígenas locais em parceria com a Funai e a Embrapa. Além da SEPOT, o Governo do Tocantins participa do evento por meio das secretarias de Educação (Seduc), de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seagro), do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e do Ruraltins. A Feira de Sementes também conta com apoiadores institucionais do Governo Federal, dos órgãos de Justiça e dos municípios de Goiatins e de Itacajá, onde a Terra Indígena Kraolândia está localizada.