Sábado, 23 de Novembro de 2024

ILHA DO BANANAL

MPF recomenda que Funai e ICMBio interditem local onde foram avistados indígenas "isolados" na Ilha do Bananal

Segundo antropóloga, indígenas podem ser do povo Avá-Canoeiro

Sidney Silva
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21 outubro, 2019 às 14:17

Durante o encerramento de uma operação de combate a um incêndio florestal na Ilha do Bananal, no dia 09 de outubro, um agente de Manejo Integrado do Fogo, do PREVFOGO/Ibama, avistou 8 indígenas de etnia não identificada (6 adultos e 2 crianças). O fato aconteceu enquanto o agente estava em um helicóptero a procura de outros focos de incêndio. Por ser morador da Ilha do Bananal, falante da língua Iny, o homem percebeu que os indígenas não tinham traços dos Javaé e dos Karajá, que são povos que vivem na região. 

Diante do fato, o Ministério Público Federal enviou ofício à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recomendando a interdição da Mata do Mamão, na Ilha do Bananal, onde os indígenas foram encontrados, além da implementação de medidas proteção e isolamento dessa população, garantindo que seja a proibida a entrada de pessoas estranhas na região. 

Segundo um estudo de Patrícia de Mendonça Rodrigues, PhD em Antropologia pela Universidade de Chicago (EUA) e que já trabalha com comunidades indígenas, os indícios apontam que se tratem dos Avá-Canoeiro, também conhecidos como “Cara Preta”. Ela alerta que o termo "isolados" vem sendo criticado por estudiosos por sugerir que indígenas optaram pela vida autônoma. "Na maioria dos casos se trata
de grupos de “refugiados” de circunstâncias históricas de grande violência, os quais não tiveram outra opção a não ser fugir do contato", destaca o estudo. 

Patrícia ressalta que vestígios como pegadas, restos de alimentos e até moradias, indicando a existência de pelo menos um grupo de Avá-canoeiro sem contato com o restante do mundo, já foram comentados por anos pelos vaqueiros, posseiros e Javaés. Além disso, expedições do Conselho Indigenista Missionário dão conta que esses indígenas sem contato entram e saem da Ilha do Bananal na estação seca.

Patrícia também denuncia que mesmo obtendo diversos relatos de fontes que avistaram esse grupo, a Funai não agiu de forma efetiva, apenas em uma expedição de 2016 que não teve resultados pela ausência de familiaridade da equipe com o local.