Sábado, 23 de Novembro de 2024

CULTURA

Iphan pode transformar o forró em bem imaterial

Pesquisa para fazer o registro está em andamento em nove estados nordestinos, no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo

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O forró é uma forma de expressão cultural que tem como característica o som da sanfona, da zabumba e do triângulo.

24 junho, 2019 às 21:30

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pretende declarar até meados de 2020 o forró como patrimônio imaterial do Brasil. Pesquisa nesse sentido está em andamento em nove estados do Nordeste, onde o gênero é mais disseminado, além do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. O forró é uma forma de expressão cultural que tem como característica o som da sanfona, da zabumba e do triângulo.   

Hermano Queiroz, diretor do  Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, explica que o trabalho de registro do forro vai permitir "mapear as vulnerabilidades, os riscos, a necessidade de promoção do bem”. Conforme Hermano, o objetivo não é dar autenticidade a uma narrativa, até porque há várias narrativas em circulação. "O patrimônio cultural é dinâmico”, explica.

O diretor do Iphan enfatiza que a preocupação central não é saber exatamente em que lugar teria surgido o forró. “A raiz não é o grande problema. O que o registro traz é o potencial de diálogo intercultural entre diversas manifestações.”. A pesquisa do Iphan vai mapear todos olhares e narrativas sobre esse bem imaterial e permitir que músicos de diferentes lugares se conheçam e passem a ter a compreensão de que, embora espalhados por todo o território nacional, são irmãos.

O termo "forró" teria sido forjado ainda no século 19 por causa da presença de trabalhadores ingleses na instalação de ferrovias e de fábricas de tecelagem no Nordeste. O compositor e instrumentista Sivuca (1930-2006) defendia a tese de que a palavra tem como origem a expressão em inglês de “for all”.  Há quem diga que o termo teria surgido no século seguinte em Natal, na 2ª Guerra Mundial, quando a capital do Rio Grande Norte recebeu 10 mil soldados norte-americanos. Essa versão é ilustrada no filme "For All - O Trampolim da Vitória" (1997), de Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda.

O etnomusicólogo Carlos Sandroni, professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e responsável pela pesquisa do Iphan, descarta essa versão. Segundo ele, desde o século 19 há uso da palavra forró “para designar uma festa popular com dança, com música e com bebida”. (Com informações da EBC)