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Entre 10 e 21 de novembro, enviaremos destaques das negociações, anúncios, curiosidades sobre Belém e fotos para você ficar por dentro das ações do WWF-Brasil na COP30.
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Com a presença do WWF-Brasil, ARPA Comunidades é lançado oficialmente em Belém
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O programa ARPA Comunidades foi lançado pelo governo brasileiro, representado pela ministra Marina Silva, junto a parceiros como o WWF-Brasil e o Funbio, nesta segunda (17), em evento que lotou o espaço no Pavilhão Brasil, na Zona Verde da COP30.
Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, lembrou que tudo o que ameaça a Amazônia, ameaça a todos. “Conforme estamos vendo aqui na COP30, por meio de diversos estudos, o que beneficia a Amazônia, beneficia a todos nós”.
Parte do ARPA - Programa de Áreas Protegidas da Região Amazônica, maior iniciativa de proteção de florestas tropicais do mundo, a nova fase do programa tem como objetivo ampliar as áreas protegidas, mas, desta vez, tendo como protagonistas as organizações comunitárias locais. O que significa que o dinheiro aportado pelos parceiros investidores chegará na ponta, fortalecendo quem de fato protege a floresta amazônica.
Ao longo de 15 anos, o ARPA Comunidades beneficiará mais de 130 mil pessoas ao mesmo tempo em que fortalecerá a conservação de 60 áreas protegidas de uso sustentável, abrangendo 23,6 milhões de hectares. Ele se baseia nas duas décadas de implementação do ARPA, que apoiou a criação de 27 milhões de hectares em mais de duas décadas e fortaleceu a gestão de 120 unidades de conservação, resultando em cerca de 104 milhões de toneladas de emissões de CO₂ evitadas entre 2008 e 2020.
Ao lado da ministra, Voivodic agradeceu ao time do WWF-Brasil pela dedicação para a concretização da iniciativa, especialmente à diretora de Estratégia da organização, Mariana Ferreira. Ele destacou os cinco componentes do ARPA Comunidades: fortalecimento das organizações comunitárias locais; a promoção da sociobioeconomia; a expansão da energia elétrica e da internet, a criação e implementação das novas Unidades de Conservação e, por fim, o monitoramento e intercâmbio de conhecimento entre as comunidades envolvidas.
A ministra Marina Silva celebrou o lançamento do ARPA Comunidades e destacou que o programa dá um segundo passo importante ao levar seus benefícios às comunidades. “A proteção só é possível com esse processo de retroalimentação: após a implementação das unidades, com a parceria das comunidades do entorno e as de manejo sustentável, como as das reservas extrativistas”, disse Marina.
O evento teve também a participação de João Paulo Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Rosa Lemos de Sá, secretária-geral e CEO do FUNBIO - a fundação que faz a gestão dos recursos destinados ao programa -, Júlio Barbosa, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e Carter Roberts, Presidente do WWF-US.
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“Dia DCF” do WWF-Brasil na COP30 mostra o caminho para livrar as cadeias de commodities do desmatamento
O diretor executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, explicou que o objetivo do dia temático é demonstrar, na “COP da implementação”, os avanços das iniciativas livres de desmatamento e conversão. “A ideia desse conjunto de eventos é demonstrar que implementar iniciativas DCF em grandes cadeias de commodities é possível, é factível e que é o melhor para os negócios e para a natureza, acelerando o combate à mudança climática”, explicou.
Maurício destacou também um dos principais casos de sucesso: pela primeira vez na história houve um carregamento de carne bovina DCF para a China, com verificação e critérios rígidos, que foi vendida pela empresa MBRF, uma das maiores produtoras e exportadoras de carne brasileira. Jean Timmers, líder de Políticas Públicas para DCF da Rede WWF, declarou que esse foi o primeiro resultado concreto de um esforço desde 2016 para criar esta Declaração de Carne Sustentável da China, e com a Associação Chinesa de Carne.
“A agricultura e a mudança no uso da terra são responsáveis por 15% a 20% das emissões, mas três commodities são responsáveis por até metade delas: pecuária, soja e óleo de palma. Então, temos uma meta clara de como podemos fazer uma diferença drástica. E provamos que isso é fundamental para atingir a meta de 1,5°C da agenda climática”, declarou Timmers.
Avanços concretos e desafios da agenda DCF
No painel de abertura do Dia DCF na COP30, o mediador do debate, Jeff Milder, diretor da Accountability Framework Initiative, afirmou que em 2016, as empresas já haviam começado a assumir compromissos com o desmatamento zero e o respeito aos direitos humanos em suas cadeias de suprimentos de commodities. Mas faltava definir métricas e caminhos de implementação.
Luís Meneses, líder da Global Canopy no Brasil, explicou como a organização procura mudar as forças de mercado que estão destruindo a natureza a partir do fornecimento de dados, ferramentas e orientações de acesso aberto para empresas, instituições financeiras, governos e sociedade civil, a fim de construir cadeias de suprimentos DCF. “Os instrumentos do mercado de capitais são amplamente desregulamentados. E as evidências mostram que parte desse financiamento ainda está apoiando o desmatamento e violações de direitos humanos na Amazônia e no Cerrado”, declarou.
Agnete Schønau Winther, do WWF Dinamarca, explicou que os esforços do país para combater o desmatamento por meio de suas grandes indústrias de carne suína e laticínios envolvem o estabelecimento de metas para importações de soja livre de desmatamento e o trabalho conjunto com os produtores para alcançar rastreabilidade e cadeias de suprimentos verificadas. “Há progresso e bastante ambição. Acho que o próximo passo é garantir que seja possível para eles atingirem as metas estabelecidas.”
Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF, destacou a importância de falar a mesma língua que os produtores, focar na rentabilidade por meio de práticas sustentáveis e desenvolver novos instrumentos financeiros para apoiar a transição para o desmatamento zero na indústria de carne bovina brasileira. “Há mais de mil empresas produzindo carne bovina no Brasil e para integrá-los à nossa cadeia de suprimentos DCF, precisamos desenvolver novos instrumentos financeiros que apoiem essa transição.”
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Brasil, China e Indonésia unidos por cadeias produtivas sem desmatamento
“Parceria Sul-Sul sobre Mudanças Climáticas – Promovendo Cadeias de Valor Verdes” foi o tema do painel que explorou como a colaboração entre países como o Brasil, a Indonésia e a China pode acelerar a transição para as cadeias DCF. O evento reuniu líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil, apresentando parcerias emergentes e lições aprendidas com iniciativas em andamento para construir cadeias de valor sustentáveis, transparentes e resilientes.
A moderadora do painel, Daniela Teston, diretora de Relações Corporativas do WWF-Brasil, convidou os participantes a comentarem os desafios e oportunidades de aumento da escala dessas iniciativas. “Essa é a COP da Natureza e a COP da implementação. É um momento histórico para ouvir sobre casos de sucesso sobre o embarque de carregamentos DCF de carne brasileira e óleo de palma da Indonésia para a China”, disse Daniela.
Roberta Cantinho, diretora do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Incêndios do MMA (Ministério do Meio Ambiente), destacou que o Brasil reduziu o desmatamento em 50% entre 2022 e 2025 graças aos planos nacionais de redução do desmatamento em cada bioma. “Cerca de 70% das emissões do Brasil estão relacionadas à agricultura e à pecuária. Se quisermos cumprir nossa NDC, vamos ter que continuar traçando instrumentos para lidar com a rastreabilidade das commodities.
Silverius Oscar Unggul, Conselheiro Chefe do Ministro das Florestas da Indonésia destacou o interesse do país no TFFF e afirmou que Indonésia está comprometida com o reflorestamento por meio de sistemas agroflorestais regenerativos, capacitando comunidades indígenas e fomentando a colaboração internacional para produtos livres de desmatamento. “Temos o compromisso de reconhecer 1,4 milhão de hectares de terras tradicionais, terras de povos indígenas. Isso faz parte do reconhecimento de 8,3 milhões de hectares como área de reflorestamento social para comunidades locais”.
Fan Shenggen, reitor da Academia de Economia Alimentar Global da Universidade Agrícola da China, afirmou que a China, Brasil e Indonésia podem colaborar em agricultura, padrões, investimentos, apoio a pequenos agricultores, reflorestamento, mudanças na dieta e compartilhamento de conhecimento para promover práticas sustentáveis e reduzir o impacto ambiental.
“A China tem uma longa tradição em ajudar os pequenos agricultores a aumentar a produtividade sem precisar expandir suas terras. Acho que aqui no Brasil, muitos pequenos agricultores na região amazônica, se não tiverem uma boa estratégia de subsistência, certamente acabarão desmatando. Se cooperarmos, podemos contribuir muito”.
Como garantir os direitos humanos nas cadeias produtivas sem desmatamento
A importância dos mecanismos de rastreabilidade e de Devida Diligência em Direitos Humanos (DDH) foi o tema central do painel “Navegando pelos Direitos Humanos nas Cadeias de Abastecimento de Commodities: um Chamado à Ação”. Apresentando vozes de comunidades indígenas e tradicionais diretamente afetadas pela expansão das commodities, o evento apontou maneiras concretas de garantir que as cadeias de abastecimento livres de desmatamento também respeitem os direitos humanos e a justiça social.
Ana Carolina Crisostomo, líder de Incidência Política do WWF-Brasil, afirmou que vários dos paineis do Dia DCF mostram avançaos concretos na supressão do desmatamento das cadeias de produção de commodities, mas é preciso incluir, na discussão do desmatamento zero, a questão da “violação zero de direitos humanos”.
Ela destacou duas publicações importantes do WWF - um guia de devida diligência de direitos humanos em cadeias de commodities e um relatório sobre a importância da rastreabilidade para defender os direitos humanos nas unidades de produção. “A rastreabilidade dos produtos é fundamental para que possamos monitorar também os direitos humanos”, disse.
Jaime Siqueira, coordenador da Rede Cerrado, lembrou que, tanto para comunidades tradicionais como populações indígenas, a questão fundamental que origina as violações de direitos humanos é a luta pela terra. Segundo ele, o relatório Violência no Campo, do CIMI, mostra que ocorreram mais de 420 de violações de direitos no Brasil em 2024 e, desse total, mais 210 correspondem a assassinatos de indígenas.
“A maioria dos casos está ligada à expansão do agronegócio por territórios indígenas. Mas as principais organizações de produtores são refratárias às questões ambientais e humanitárias. Por isso, a demarcação de terras indígenas e o fim do Marco Temporal são fundamentais para combater as violações de direitos humanos associadas à produção de commodities”, afirmou Siqueira.
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Confira os temas tratados nos outros painéis do Dia DCF do WWF na COP30:
- No painel “A Amazônia em Risco: Desmatamento Impulsionado por Commodities e seu Impacto”, especialistas discutiram o desmatamento impulsionado por commodities na Amazônia. Com base no Relatório Pegada Amazônica 2025, lançado na COP30 pelo WWF, foram discutidas as soluções para evitar um ponto de não-retorno no bioma. O relatório é a primeira avaliação regional que conecta dados subnacionais de desmatamento com padrões de produção e consumo agrícola.
- No painel “NDCs 3.0: Reduzindo a Lacuna de Ambição Florestal”, representantes de países com florestas tropicais e especialistas discutiram como as NDCs 3.0 podem elevar a ambição florestal, reduzir a lacuna de implementação e acelerar o progresso, cumprindo o objetivo estabelecido no Balanço Global, de reverter o desmatamento até 2030, a fim de alcançar as metas do Acordo de Paris.
- Casos inspiradores que demonstram como a produção e o comércio DCF podem ser bem-sucedidos foram o tema do painel “Viabilizando Cadeias de Suprimentos Livres de Desmatamento e Conversão: Lições, Incentivos e Facilitadores para a Mudança”. Os especialistas mostraram como iniciativas multissetoriais, mecanismos de financiamento e programas de rastreabilidade públicos e privados protegem as florestas e criam recompensas reais e novas oportunidades para produtores, empresas e comunidades.
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