Por Gloria Pires, atriz e empreendedora
Ativista e escritor, Ailton Krenak colocou em livro algumas “Ideias para Adiar o Fim do Mundo“. Fruto de três diferentes palestras e entrevistas, reúne pensamentos e práticas que só alguém nascido no seio do ancestral povo Krenak, e que é professor honoris causa, pela Universidade Federal de Juiz de Fora, poderia traduzir com tamanha eficácia. Assim, somos levados a uma enorme reflexão do que é a humanidade, de quem somos enquanto sociedade, e qual futuro poderemos ter, afinal. São páginas que soam como um diário e por vezes um grande desabafo de alguém que tem dedicado a sua vida para que o mundo entenda que a natureza é viva e nós somos a natureza.
Ao levantar o céu, ele nos mostra o quanto estamos embalados e embolados no puro consumo. Krenak avalia que devido à colonização, os não-indígenas não aprendem a absorver o conhecimento dos povos originários pelo fato de que o mundo “existia” à partir dos olhos e interesses da Europa, para quem os nativos das terras “descobertas” eram selvagens, desprezando o fato de que a simples existência desses povos estava relacionada à um poderoso conhecimento.
Esse pensamento persevera ainda hoje e, agora, 500 e poucos anos depois deste primeiro contato aqui pela América do Sul, estamos correndo contra o tempo para reverter esse estado de destruição a que chegamos. Precisamos tentar achar um ponto de equilíbrio entre o que precisamos para viver e o que o planeta é capaz de suportar.
O ‘fim do mundo’ se dará em uma sociedade que não consiga ser permeável à nossa diversidade, que tenha perdido a capacidade de se conectar com a natureza e vivenciar a própria subjetividade. Krenak também sugere a leitura de “A Queda do Céu“, de Davi Kopenawa, líder yanomami.
Adiar este fim do mundo eminente demanda uma reconexão com o nosso verdadeiro eu e também com os outros coletivos. Somos incontáveis pessoas que dependem das plantas e dos animais; precisamos do planeta vivo, como um todo, e por isso é tão importante o equilíbrio ecológico; somos a própria pluralidade qual vive a natureza.
Se nos desconectarmos um do outro e não aprendermos com as nossas diferenças, seremos somente seres sem propósitos, caminhando por uma terra vazia.
Adiar este fim do mundo eminente demanda uma reconexão com o nosso verdadeiro eu e também com os outros coletivos. Somos incontáveis pessoas que dependem das plantas e dos animais; precisamos do planeta vivo, como um todo, e por isso é tão importante o equilíbrio ecológico; somos a própria pluralidade qual vive a natureza.
Se nos desconectarmos um do outro e não aprendermos com as nossas diferenças, seremos somente seres sem propósitos, caminhando por uma terra vazia.
Um beijo e até a próxima quarta gloriosa!