Quarta, 24 de Abril de 2024

Quarta Gloriosa

Quarta Gloriosa: Sonia Guajajara

Conheça um pouco mais sobre a indígena que é destaque na luta pelo seu povo

Foto: Pablo Alberanga
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01 abril, 2020 às 10:48

Por Glória Pires, atriz e empreendedora

Quem não lembra dessa imagem: uma mulher indígena divide o palco com  a cantora norte-americana Alicia keys, no festival Rock in Rio, em 2017? Diante de uma plateia de cerca de 100 mil pessoas, uma pequena mulher denunciava o desmatamento na Amazônia. “Que vergonha para nós, seus filhos e filhas, que usurpamos as suas riquezas e envenenamos a sua água“, diz a canção que serviu de fundo-musical para a fala de Sonia Guajajara que, assim como ela própria,  denuncia a realidade gananciosa na qual o meio-ambiente resiste. Essa imagem rodou o mundo, alertando  que a luta pela mãe terra é a mãe de todas as lutas, já que é ela que possibilita a permanência de nossa espécie neste planeta.  

Sonia, da terra indígena de Arariboia, é, hoje,  um rosto conhecido por seu ativismo em favor das causas indígenas. Filha de mãe indígena e pai lavrador, teve uma infância curta. Para poder estudar, começou a trabalhar cedo, como babá, pois sua família não tinha como custear seus estudos. Na adolescência, teve a oportunidade de estudar em um colégio interno no interior de Minas Gerais, a convite da Fundação Nacional do Índio, onde se formou no magistério. Assim, retornou às suas terras, dando aulas de educação e saúde. 

Sonia conta que desde cedo sempre esteve em movimento e gostava de participar das atividades nas aldeias; acompanhando os caciques em Brasília, fazendo a relatoria das reuniões, e assim aprendeu muito sobre os próprios direitos. Enquanto iniciava a graduação em Letras na Universidade Estadual do Maranhão, no início dos anos 2000, começava também sua trajetória junto aos movimentos sociais. 

Primeiro, participou da coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão, uma associação sem fins lucrativos que congrega os 11 povos indígenas do estado. Essa experiência local a levou para a coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, organização que desde a Constituição de 1988 luta pelos direitos indígenas nos nove estados que compõem a Amazônia. 

Crescendo neste cenário, Sonia Guajajara tornou-se referência entre as mulheres indígenas e chegou à Apib, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e maior instituição representativa do país, onde Sonia hoje é coordenadora. 

Foi uma trajetória de muito enfrentamento e persistência, para alcançar o espaço do diálogo, ela conta. Houve momentos em que não foi ouvida, não foi respeitada por lideranças masculinas, mas o apoio das outras mulheres indígenas a levou a ocupar posições cada vez mais estratégicas para fazer valer seus direitos fundamentais, como povos originários.

Sonia Guajajara esteve na corrida presidencial de 2018, já cruzou a Europa denunciando a violência contra os povos indígenas na Jornada Sangue Indígena – Nenhuma Gota a Mais, já esteve na ONU, no Vaticano, no Parlamento Europeu, e é o exemplo claro da resistência indígena  e sobretudo da força das mulheres.

Você pode acompanhar os próximos passos de Sonia nas suas redes sociais (Instagram/Twitter), e também apoiar as campanhas da Apib em seu site oficial. Hoje, Sonia e seu trabalho são essenciais para essa causa que não é somente indígena, mas é nossa também.