Quinta, 18 de Abril de 2024

Cantão

Recadastramento de torrãozeiros que vivem no Cantão é concluído

Primeiro levantamento dos moradores tradicionais que vivem na região foi feito logo após a criação do Parque Estadual do Cantão, ainda em 1998

Foto: Divulgação Naturatins
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04 fevereiro, 2022 às 19:22

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) concluiu o processo de recadastramento dos torrãozeiros que vivem no Parque Estadual do Cantão (PEC). Esse foi o quarto processo de recadastramento realizado pelo órgão ambiental para saber quem são, quantos são e como vivem os moradores de áreas remotas e que já habitavam a região antes da criação do Parque. 

O primeiro levantamento desses moradores tradicionais foi realizado logo após a criação do PEC, em julho de 1998. O primeiro cadastro oficial tinha o objetivo de oficializar esses moradores, que são os únicos autorizados a viverem no interior da unidade de conservação. “O cadastramento é essencial para o Naturatins, porque mostra a real situação das famílias cadastradas no primeiro levantamento e como estão atualmente”, explica o supervisor do PEC, Adailton Fernandes Glória, responsável pelo recenseamento.

Segundo o supervisor, em 2012 vários torrãozeiros reclamaram que mesmo morando na região há muito tempo haviam ficado de fora do cadastro inicial. Por isso, o Naturatins solicitou que a gestão do Parque realizasse um recadastramento e que nele fossem incluídas as pessoas que provassem ser torrãozeiros. “Essa prova se deu por meio de barracão onde moravam ou qualquer outra evidência que não deixasse dúvida que a pessoa já morava na região, e assim foi feito o cadastro e recadastro de todos os torrãozeiros”, lembra Adailton.

Um novo levantamento foi realizado em 2017 e, em janeiro deste ano, foi a quarta contagem feita pelo Naturatins. Nesse novo recadastramento, a equipe responsável preencheu um relatório descritivo, onde constam a coordenada geográfica do local onde o torrãozeiro mora, uma imagem fotográfica, além de levantamento de plantas introduzidas por eles na região. "Dentre os 81 torrãozeiros cadastrados inicialmente, apenas 40% fazem alguma atividade de subsistência em seu torrão”, revelou o supervisor do Parque.

Após compilação dos dados coletados pela equipe do PEC, será marcada uma reunião com a Associação dos Micro e Pequenos Produtores Rurais e Ambientalistas das Ilhas do Cantão e Araguaia (Ampril), entidade que representa os torrãozeiros do município de Caseara, para apresentação dos resultados e entrega de uma cópia do relatório. 

Termo de compromisso

Em novembro de 2019, o Naturatins e a Ampril assinaram um Termo de Compromisso, com objetivo de estabelecer normas de convivência entre os torrãozeiros que habitam a região do Cantão. O termo trata de normatização específica, destinada a tornar compatíveis as ações entre os moradores tradicionais e o Parque, sem prejuízos ao estilo de vida dos torrãozeiros, garantindo seu acesso às fontes de subsistência. 

Para o supervisor do PEC, o termo representou um avanço, uma vez que estabeleceu uma relação do que os associados da Ampril podem realizar dentro do Parque, conforme suas aptidões, sem causar impactos ambientais à unidade de conservação.