Sexta, 22 de Novembro de 2024

Dia da Consciência Negra: significado, importância e dia do feriado

um símbolo das lutas raciais ao longo dos anos e pode ser um ponto de partida para que a empresa coloque a diversidade no centro de suas ações

Foto: Divulgação
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creditas.com

20 novembro, 2023 às 11:48

Quer saber tudo sobre o Dia da Consciência Negra? Então você está no lugar certo. Nesta matéria, você vai entender a importância desta data comemorativa e como abordar o tema na empresa. Confira!

No dia 20 de novembro, é comemorado o Dia da Consciência Negra no Brasil. A data reacende reflexões importantes sobre a cultura, a luta e os desafios dos negros no país e o racismo estrutural ainda ainda tão presente na sociedade brasileira.

Diante de uma data com tanto significado, as empresas podem - e devem - promover uma discussão a respeito da inclusão dos negros no mercado de trabalho, especialmente quando consideramos a desigualdade e a proporcionall importância da luta racial em prol de uma socidade mais justa.

De acordo com o levantamento da Síntese de Indicadores Sociais (IBGE), referente ao ano de 2020, pessoas negras encontram os maiores obstáculos para conseguir um emprego formal. Se empregadas, recebem até 31% a menos do que pessoas brancas. 

Durante e após a pandemia, essa desvantagem foi acentuada. Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que das oito milhões de pessoas que perderam o emprego entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, 71% seriam homens e mulheres negras, o equivalente a 6,3 milhões.

Outro levantamento, realizado pela Vagas.com, revelou que 47% dos trabalhadores pretos e pardos ocupam posições operacionais e 11,4% posições técnicas. Destes, apenas 0,7% entre as pessoas negras detêm o cargo de diretoria, supervisão e coordenação, de alta e média gestão.

Diante de um retrato tão fiel da desigualdade, é fundamental que gestores e profissionais de RH sejam protagonistas em reflexões e ações para diminuir esse abismo social. 

Como surgiu o Dia da Consciência Negra

A data foi instituída, de forma oficial, no dia 9 de janeiro de 2003, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, por meio da Lei nº 10.639, cujo documento incluiu o tema “História e Cultura Afro-Brasileira” como componente curricular obrigatório nas escolas do país e determinou o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. 

Já em 2011, no Governo de Dilma Rousseff, a data foi oficializada como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra por meio da Lei 12.519. Essa lei não transformou a data em feriado nacional, mas prevê que os governos estaduais e municipais optem pela sua adesão ou não, sendo que, até 2018, 1047 municípios brasileiros decretaram feriado no dia da celebração.

Ainda que a legislação e reconhecimento da data tenha sido realizada somente em 2003, ela já existia, ao menos, desde 1978. Naquele ano, ativistas do Movimento Negro Unificado (MNU) estabeleceram que, no dia da morte de Zumbi dos Palmares – 20 de novembro – seria celebrado como o Dia da Consciência Negra e um marco histórico na luta dos negros contra a opressão no Brasil.

Contexto histórico

A data da morte de Zumbi dos Palmares  foi descoberta por historiadores no início da década de 1970 e, tendo esse personagem histórico uma imensa relevância para o fim da escravidão no Brasil e na defesa dos direitos dos afro-brasileiros, os ativistas da época mudaram o foco de outra data simbólica, o Treze de Maio – dia em que ocorreu a abolição da escravatura – argumentando que ela representa uma falsa liberdade, já que a Lei Áurea apenas empurrou os ex-escravizados à marginalidade, sem trazer qualquer tipo de apoio do poder público.

Pouco depois, na época em que ocorria o declínio da Ditadura Militar, o início da redemocratização do país e a promulgação da Constituição de 1988, os movimentos sociais, entre eles o movimento negro, ganharam mais força e notoriedade, passando então a participar de forma mais ativa das discussões políticas. Isso resultou em algumas medidas para promover certa reparação histórica às pessoas negras, como a lei de preconceito de raça ou cor e, mais recentemente, a lei de cotas raciais e a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.

Zumbi dos Palmares

Nascido em 1965, Zumbi dos Palmares foi o comandante do Quilombo dos Palmares, considerado o maior quilombo da história do Brasil,  e liderou a resistência de milhares de negros contra a escravidão, enfrentando uma série de batalhas para defender o território e a liberdade daquela comunidade. 

De acordo com algumas historiografias, em 1694, o Quilombo dos Palmares foi destruído pelo governo da época, por meio de uma expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Ainda que tenha resistido, Zumbi foi preso e assassinado um ano depois, em 20 de novembro de 1695, pelo capitão Furtado de Mendonça. O líder foi decapitado e teve sua cabeça exposta em uma praça de Recife.

Como o RH pode apoiar lutas raciais

Diante de um histórico de opressão e falta de políticas inclusivas ao longo dos anos para que os afro-brasileiros pudessem, de fato, se integrar de forma plena na sociedade, essa desigualdade fica ainda mais marcante no mercado de trabalho. E isso reflete, também, que a dificuldade no acesso à educação, à cultura e quaisquer outros recursos para que pessoas negras possam se desenvolver e ocupar espaços na sociedade desde sempre é um desafio difícil de transpor – e as empresas devem estar atentas e atuantes para reduzir essas distâncias.

Mais do que se posicionar no Dia da Consciência Negra contra o racismo estrutural ou realizar eventos nesta data, a promoção da igualdade é construída no dia a dia, de forma consistente, que muitas vezes demanda uma revisão profunda na cultura e nos valores da empresa. 

Não é uma tarefa fácil. E o RH, como protagonista na idealização de ações voltadas à diversidade, deve, junto aos gestores, possibilitar um alinhamento para que a luta racial seja um propósito real para a organização e incentive a sua adesão por toda a equipe – especialmente entre os colaboradores brancos.

Para viabilizar essa prática, além de promover a entrada de pessoas negras em sua empresa, especialmente em cargos estratégicos ou de liderança, é preciso ouvi-las, entender suas vivências, para que o racismo estrutural seja desconstruído e deixe de influenciar os processos da companhia desde a etapa de recrutamento e seleção de funcionários.

Ações práticas para promover a equidade dentro empresa

Aqui na Creditas, acreditamos em um ambiente que represente a população do nosso país, com todas as suas particularidades e vivências, resultam em um ambiente mais saudável, produtivo, criativo e justo para todos. Veja algumas ações realizadas!

  • Grupos de afinidade - criar esses grupos permite que ações de inclusão, diversidade e equidade possam vir dos próprios colaboradores. Na Creditas temos grupos como o Blacks at Creditas para pessoas negras, Unicornes para a comunidade LGBTQ+, É da Conta Delas para todas as mulheres, Women in Product Technology para mulheres em Produto e Tecnologia e Inclusão PCDs para as pessoas com deficiência e aliados.
  • Campanhas, eventos e comunicações internas - realize ações que ajudem a chamar a atenção e educar todo o seu time de colaboradores.
  • Projetos - além de ações pontuais, crie projetos duradouros que incentivem o entendimento da importância da diversidade.
  • Ações afirmativas - além de educar é importante fazer. Sendo assim, crie programas que sejam capazes de aliar o discurso institucional com ações práticas.